quarta-feira, 8 de abril de 2015

O Papel Social na Teoria Reichiana – Parte 1

De acordo com Reich, muitos psicanalistas de sua época tentavam explicar a cultura e a história humana com base nas pulsões[1] inatas do ser humano. Estes psicanalistas partiam da premissa que fundamentalmente são as pulsões com as quais o ser humano nasce que determinam a dinâmica e a organização social. Para eles, entender os valores e o caráter humano permitiria compreender o mundo. Portanto, como a sociedade também apresenta aspectos doentios e destrutivos, isso se deveria ao fato de que o ser humano já nasce com pulsões doentias e destrutivas dentro de si e que estas pulsões seriam as responsáveis pela sociedade ser como é. O mais eminente defensor desta linha de pensamento foi Freud, o qual postulou a chamada “pulsão de morte”, segundo a qual o ser humano já nasceria com uma propensão que o impeliria, em última instância, à própria destruição.

Para Reich, essa ideia não corresponde à realidade.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

A Identidade Psicossomática Reichiana

Em minha opinião, o conceito de identidade psicossomática proposto por Wilhelm Reich é genial.

Sabemos que a cultura ocidental é marcada por um dualismo que separa o corpo e a mente. Na atualidade esse dualismo implica na existência de pelo menos três tendências*:
  1. Biologização – Cada vez mais áreas médicas explicam os fenômenos psíquicos como fruto da bioquímica cerebral e da genética, ou seja, fazem uma “biologização” dos aspectos psíquicos do ser humano;
  2. Psicologização – Por outro lado, algumas áreas da psicologia explicam fenômenos biológicos a partir de símbolos, mitos, metáforas e modelos psicológicos, portanto, fazendo uma “psicologização” de aspectos orgânicos do ser humano;
  3. Espiritualização – Por fim, diante de certos fenômenos que transcendem o conhecimento científico tradicional (por exemplo, as curas espirituais, milagres, etc.), surge um movimento de “espiritualização” tanto do psíquico quanto do somático.
No entanto, o conceito de unidade psicossomática proposto por Reich não se enquadra em nenhuma destas três tendências, pois Reich não busca psicologizar o corpo, nem biologizar a psique e muito menos espiritualizar ambos.